Há alguns meses fiz o post “Escoliose e as políticas públicas no Brasil”, onde escrevi sobre algumas iniciativas locais de certas cidades do nosso país, que estão lutando pelos direitos de quem tem a coluna torta. Fico bem feliz quando vejo exemplos como esses, que deveriam ser muito mais comuns do que são. O mínimo que esperamos, com tantos impostos que pagamos, é um tratamento adequado seja com colete ortopédico, fisioterapia com exercícios específicos ou mesmo a cirurgia, se for o caso. E acreditem: muitas vezes é o caso, sim. Com a falta de atenção do governo para a detecção precoce e, com isso, o início do tratamento conservador, a escoliose progride tanto, que as pessoas ficam sem saída, a não ser operar. Mas quem disse, que elas conseguem acesso à cirurgia pelo Sistema Único de Saúde de forma rápida e adequada?
Infelizmente, quem tem escoliose no Brasil sofre muito, afinal não há nenhuma Lei Federal que regulamente e conduza de forma única o tratamento desta deformidade no nosso país. A fila do SUS é uma bagunça e não anda. Mais do que descaso, isso é cruel. As pessoas se enchem de esperanças, mas quando se dão conta, anos e anos se passaram e nada de receber uma chamada. Em paralelo, as curvas da escoliose só pioram. Eu recebo mensagens todos os dias no meu Instagram e no whatsapp de mães desesperadas porque não conseguem tratamento para seus filhos. Uma única consulta com um ortopedista especialista em coluna demora meses. Não podemos nos acostumar com isso e achar normal. Hoje mesmo recebi o relato de uma paciente com escoliose gravíssima:
“Minha família e eu tentamos por muito tempo pelo SUS, mas infelizmente negaram meu tratamento. Eu não sei exatamente o motivo, mas simplesmente negaram. Agora estamos tentando particular”.
Na imagem acima vocês podem ver a coluna dela atualmente. Como pode um caso assim ser negado? Eu não tenho palavras para isso. Quem quiser e puder ajudá-la é só clicar aqui.
Cada vez vejo um caso desse, meu coração diminui. A cirurgia de escoliose de forma particular é muito cara, por conta do material utilizado, da mão de obra especializada, medicamentos necessários e por aí vai. Diante disso, a minoria das pessoas consegue operar pagando do próprio bolso e, por isso, a maioria depende do governo para se tratarem. Que situação triste.
E o que fazer se você ou alguém da sua família tem a coluna torta, mas depende do SUS?
Acione alguém influente da sua cidade
Esses dias recebi a mensagem de uma pessoa, que sem ter mais o que fazer, começou a mexer seus próprios pauzinhos na cidade em que mora. Falou com o todos, até chegar em um vereador, que recebeu sua história e a ajudou de alguma forma a andar na fila do SUS. Fácil não é, mas funcionou. Quando não temos o amparo que precisamos de quem deveria dar, o que nos resta é nos virar por conta própria, por mais absurdo que isso seja.
Contrate um plano de saúde, se for possível
Sei que a possibilidade de pagar um plano mensalmente não é a realidade de muitas pessoas. Mas para quem pode priorizar isso no orçamento, faça. O plano ajuda nas consultas médicas, fisioterapia e, com carência de dois anos, arca com a cirurgia. Vejam o relato emocionante desta paciente sobre isso:
“Coloquei no meu coração que queria operar com o Dr. Vinicius por todo o trabalho que eu acompanhava pelas redes sociais, mas como ele opera de forma particular, eu não tinha condições financeiras de fazer a cirurgia com ele, naquela hora. Diante disso, fui orientada a fazer o plano de saúde UNIMED nacional e esperar dois anos de carência para assim pagar apenas os honorários médicos. Me dediquei e me apertei muito financeiramente para poder juntar o dinheiro dos médicos e pagar o plano de saúde. Por ser de uma família muito humilde, não tinha nenhum suporte familiar e não porque eles não quisessem, mas sim, porque não era possível. Sozinha mesmo e, com toda garra do mundo, juntei meu dinheiro para pagar o plano e os médicos e depois de dois anos da carência, veio a tão sonhada cirurgia com o Dr. Vinicius”.
Para ler a história completa dela, clique aqui. É linda e vale a pena a leitura!
Faça parte de uma comunidade
Juntos somos mais fortes. Precisamos nos unir e fazer parte de comunidades que nos ajudem, seja por meio de grupos de whatsapp, Instagram, Facebook, ou qualquer outra forma que nos permita pedir opinião, ler outros relatos e buscar um caminho de ajuda para tratar a escoliose.
Organize uma campanha
Não tendo mais saída, organize uma campanha como uma vaquinha virtual para amigos, familiares e outras pessoas ajudarem com a parte financeira. Compartilhe nas redes e peça ajuda do fundo do seu coração. Sei que ninguém gostaria de fazer isso, mas em último caso, é necessário. A escoliose é progressiva e pode se tornar muito grave sem o tratamento adequado. Precisamos agir da forma que for.
Pessoal, caso alguém tenha mais alguma ideia sobre isso, comenta aqui! Vamos juntos na luta por todos os direitos que pessoas com escoliose devem ter. Acesso à saúde e dignidade é o mínimo que devemos exigir desse país.
Julia, sabemos bem dessas dificuldades, foi exatamente o nosso caso, tenham fé e lutem, procurem todos que puderem, façam vaquinha, acreditem e não desistam, a recompensa virá sim.