Hoje temos uma convidada mais do que especial aqui no site para falar conosco sobre um assunto fundamental: a saúde da coluna e o quanto a nutrição é importante neste processo. Eu sou fã desta profissional, que, além de extremamente competente, é simpática e muito atenciosa. A Fúlvia Gomes Hazarabedian é nutricionista e atua há 20 anos de forma holística e integrada para saúde, bem-estar, emagrecimento, performance e longevidade, em diferentes momentos da vida, por meio da alimentação e qualidade de vida. Além disso, ela é especializada em fisiologia do exercício, fitoterapia, funcional e materno infantil. Que baita nutricionista hein, pessoal! Bora lá conversar com ela?
Fúlvia, primeiramente, muito obrigada por abrir o espaço para este tema tão importante e por estar aqui conosco. Para começarmos nosso bate-papo, na sua visão, qual a importância do profissional de nutrição no dia a dia das pessoas?
Eu falo que a gente é o que a gente come, o que a gente digere e o que a gente absorve. A alimentação, além de ser essencial, faz parte da nossa vida em aspectos que transcendem só as calorias ou os macros e o micros nutrientes, porque a gente tem ali questões sociais e questões de exercícios. Então, um profissional que entenda as demandas, as necessidades nutricionais, a rotina, as expectativas, os objetivos dos pacientes, por meio de uma escuta ativa, e, claro, de um respaldo técnico, acaba conseguindo vincular o que é técnico e o que é prático. Isso torna a nutrição e a alimentação viáveis. Então, essa é a importância do profissional no dia a dia das pessoas, porque aí isso amplia para vários aspectos, seja performance, seja emagrecimento, seja a longevidade, seja por um momento de gestação ou introdução alimentar.
Pensando agora mais especificamente na saúde da coluna, existe alguma recomendação especial em relação à alimentação?
Para a questão da coluna, a gente tem que pensar em qualidade óssea. Então, além daquela questão de garantirmos o acesso aos nutrientes, garantir a questão digestiva, garantir a absorção, que aí estamos pensando em trato digestivo, existem demandas específicas para essa formação óssea como, o volume de cálcio, associado à vitamina D, associada ao magnésio, associado a atividade física. Então, temos desde uma formação gestacional, até o desenvolvimento da criança, do acompanhamento do crescimento dessa criança e precisamos pensar que, ao longo da vida, a gente acaba tendo alguns desgastes, como a sarcopenia, que nos acomete no decorrer do envelhecimento, da terceira idade. Mas claro que podemos blindar o nosso organismo, então precisamos associar essas vitaminas e minerais que eu mencionei, além da vitamina K2. É um olhar da alimentação, de como esse nutriente chega no organismo e, de fato, em alguns casos, tem a necessidade da suplementação.
O sobrepeso impacta a coluna de alguma maneira?
Quando pensamos em uma questão dinâmica, como mobilidade, a gente acaba tendo questões articulares. Pelo peso do próprio abdômen ou por esse abdômen ter uma distensão e a musculatura mais profunda não sustentar mais essa gordura, tanto periférica, quanto visceral, podemos perder um pouco de mobilidade. Tudo isso pode impactar nas questões da saúde da coluna, que já precisa de um olhar específico e de um fortalecimento em diferentes fases da vida. O peso em si, ou seja, o formato que o corpo adquire com excesso de gordura, por ser uma massa inativa e pesada, impacta na angulação, no desgaste e em forçar as vértebras da coluna.
Quais as formas mais práticas para manter-se no peso ideal?
Temos algumas coisas importantes, como o olhar para o volume do que a gente come, as escolhas de questão qualitativa, as combinações que podemos fazer, fracionamento de refeição e tem aquela linha do básico: manter hidratação, evitar refrigerante, bebida alcoólica, doce, excesso de farinhas brancas e frituras. Isso é se estamos no senso comum do emagrecimento, mas é claro que cada organismo funciona de uma forma e, com isso, tanto as restrições, quanto os volumes e as combinações serão desenvolvidos de forma individual.
Em relação às cirurgias complexas, como é o caso da escoliose, como o nutricionista pode auxiliar no processo?
Quando é no processo pré-operatório, se o paciente apresenta questões de sobrepeso ou de obesidade, a gente tenta fazer um emagrecimento prévio. Se há a suplementação, por exemplo, de ômega, assim como qualquer outro alimento que possa ser mais vaso dilatador, fazemos uma programação de parar o consumo previamente à cirurgia e depois do procedimento. A volta, como requer uma recuperação com limitação de alguns movimentos do paciente, que vai ficar mais parado durante um período até ele iniciar a reabilitação, temos que controlar o valor calórico, adaptando a esse momento em que o deambular e a própria movimentação natural é reduzida. Isso pode também impactar no fluxo intestinal, então, passa a ser importante uma alimentação mais rica em fibras ou de uma digestão mais leve. Precisamos pensar em alguns protetores estomacais também, porque é um pós-operatório e vai ter o anti-inflamatório, que pode impactar na flora intestinal. E aí tem o fluxo na fermentação ou episódios diarreicos ou, de fato, a não absorção de nutrientes importantes que aquele paciente está consumindo. Então tem, sim, uma possibilidade de um preparo para um pré-operatório e algumas condicionais do pós-operatório também.
Existe alguma deficiência de vitamina que prejudica a saúde da coluna ou dos ossos de uma forma mais abrangente?
Aqui eu acho que tem a questão fundamental do que a gente consome, do que a gente digere e absorve e a importância daquelas vitaminas que eu mencionei, principalmente cálcio, K2, magnésio e vitamina D.
Dicas de saúde da Fulvia: quais as principais?
Como uma mensagem final, as principais dicas que eu posso dar é que tudo que a gente faz em relação à nossa saúde, a gente colhe depois, então a gente precisa semear bons hábitos, boas escolhas, escolhas conscientes, o cuidado e a disciplina, para colher um corpo são em funções fisiológicas, em exames bioquímicos, em aspectos físicos e aspectos, inclusive, voltados à estética. Essas são coisas que, de fato, também acometem a nossa saúde mental, então a gente vai colher o que a gente plantar. As nossas escolhas contínuas é que dão sustentabilidade para uma saúde mais robusta, uma saúde mais fortalecida. Os extras podem acontecer em alguns momentos da vida, se há uma patologia, ou se tem uma estratégia nutricional em que é necessário um cuidado mais específico. Podemos ter alimentações mais intensas, mas se o nosso dia a dia for cuidadoso, os extras vão passar tranquilamente e isso também faz parte. Cuidar do nosso corpo, cuidar da casinha que a gente habita aqui é algo que está nas nossas mãos. Eu falo que conhecimento é ferramenta de decisão. Então, quanto mais conhecemos o funcionamento do nosso próprio organismo e das atividades físicas que nos proporcionam melhoras no nosso corpo e na nossa mente, todas as escolhas que a gente faz no dia a dia, que impactam nas nossas questões físicas e fisiológicas, têm que ser respaldadas. O cuidado com a gente, como mencionei antes, está nas nossas mãos e é algo podemos e devemos fazer diariamente.
Excelente entrevista, e isso mesmo, pensar em tudo ao redor