Vocês pedem e eu escrevo! Há alguns dias perguntei pelo Instagram o que vocês gostariam de ler aqui no blog e recebi algumas sugestões legais. Uma delas foi sobre como lido com a coluna torta e quais as minhas principais dificuldades com a escoliose. Em alguns stories eu já falei um pouco sobre isso, mas acho que vale mesmo um post no blog. Então vamos lá?
Uso do colete de Milwaukee
De longe, a minha maior dificuldade com a escoliose foi o período em que tive que usar o colete de Milwaukee, que hoje em dia, nem mais recomendado é. Para mim, aquilo estava mais para um objeto medieval de tortura do que outra coisa, mas era o tratamento mais adequado na época para o meu caso. Sei que meus pais fizeram de tudo e procuraram todas as alternativas possíveis para que eu não precisasse passar pelo Milwaukee, mas não teve jeito e tive que encarar o colete por 4 anos, durante 23 horas por dia. Apesar de ter me ajudado a entrar melhor na cirurgia - que aconteceu anos depois - foi um período de bastante sofrimento para mim, com muitas crises de choro, inseguranças e baixa autoestima. O trauma é tanto que até hoje tenho dificuldade para usar blusas de gola alta que pegam no meu pescoço. Cachecol tão pouco é meu melhor amigo. Tudo que me lembra o colete me traz lembranças difíceis. Hoje, fico muito feliz em ver a evolução da medicina nesses últimos anos, que trouxe opções de coletes muito mais modernos, adpatáveis e menos desconfortáveis para os pacientes. Na maioria dos tratamentos conservadores da escoliose, o uso do colete é fundamental para o sucesso do caso e, por isso, é preciso usar viu, pessoal! Com muito comprometimento, resiliência e responsabilidade, no fim tudo dá certo. E tem mais: usar o colete me mostrou o quão forte eu sou e me deu garra para encarar a vida com coragem. Esse aprendizado ninguém tira da gente. Difícil é sim, não podemos negar, mas usem e tirem o lado positivo desta jornada com o colete. Sempre tem!
Estética: coluna torta
Tenho nervoso de coisas assimétricas. Por ironia do destino, cresci torta, com lados bem diferentes na coluna e um calombo na parte direita - a famosa giba. Isso sempre me incomodou demais e eu lutei por muito tempo contra o espelho, principalmente porque desde pequena sou vaidosa e a aprência era, e ainda é, um fator fundamental para mim. A minha imagem importa: meu cabelo, meus dentes, minha pele e meu corpo de uma forma geral. Então, lidar com uma deformidade é uma das minhas dificuldades na vida. Há quem olhe de fora e não enxergue o mesmo que eu vejo, mas no fim do dia dia somos nós com nós mesmas e um grande espelho em casa. Fato é que precisamos nos sentir felizes e existem coisas na gente que não podemos mudar, porém a dica aqui é: foque nos pontos positivos e se ame do jeito que você é. Amor próprio é algo que a gente conquista com o tempo, mas depois que ele aperece, é impossível largar. Ah, tenho a coluna torta... ok! Tenho mesmo. Gosto das minhas costas, não, nem um pouco. Mas o que eu tenho de bom no meu corpo que posso ressaltar e valorizar? Várias outras coisas. Então, foco total nisso!!! Quando me dei conta da importância de fortalecer pontos em mim que eu gosto, tudo mudou e minha autoestima aumentou muito. Tente você também!
Pós-cirurgia
Muitos de vocês me perguntam como é minha vida depois da cirurgia. Ela é maravilhosa. Eu não tenho restrição nenhuma, nem de mobilidade, nem de tipos de exercícios físicos. Dores na coluna eu também não tenho. Então por que este é um tópico de um post que fala sobre dificuldades? Simplesmente porque os dias e semanas seguintes à cirurgia foram bem difíceis para mim. Começando nas primeiras 48 horas no hospital sem poder me mexer direito e muito menos levantar. Fora as dores, que só aliviavam com bomba de morfina. Outro dia me perguntaram no Instagram se precisei receber sangue. Sim, precisei. Duas bolsas nos primeiros dias de pós-operatório. E quando finalmente pude levantar, só que eu via eram tonturas, roxos e inchaços. Mas como todo período escuro tem também seu lado iluminado, foi bem nesses dias que tive inspiração e comecei a escrever meu primeiro livro "A Menina da Coluna Torta", contando tudo que estava passando e trazendo informação para ajudar quem ainda encararia aquela fase. Hoje tudo mudou muito e a medicina avançou demais, então temos cirurgias menos invasivas e, consequentemente, menos doloridas para o paciente. Portanto, não se assustem caso tenham que operar a escoliose. Esse foi o meu caso e não necessariamente será igual com outras pessoas, afinal cada corpo reage de uma meneira, fora a evolução do ano 2000 - quando operei - para os dias de hoje. Cada minuto de dor valeu a pena, pois sei que minha qualidade de vida com uma escoliose progressiva seria não só muito ruim, como também perigosa por conta de limitaçãoes respiratórias que eu teria no futuro. Então, pessoal, isso é só uma fase, que passa e deixa aprendizados importantes para toda a vida. Se tiver que encarar essa, vai com tudo!
Esses são os três pontos que tive mais dificuldades com a minha coluna torta. E como superei? Com muito apoio da família, das amigas e autoconhecimento com psicoterapia.
E você, me conta como lida com a sua escoliose?
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